Padre Zé e Aníbal:
vítimas ou
corruptos?
Com a palavra final, a Justiça |
A operação Lava Jato, que
investiga um mega esquema de corrupção na Petrobras, está causando um grande
rebuliço na política nacional. Deflagrada em 2014, a investigação vem apurando
os desvios cometidos por servidores da empresa, empreiteiros e políticos. O
potencial de estrago é imenso, pois envolve gente graúda que movimentou um
volume de recursos muito maior do que o do lendário “Mensalão”.
Passadas as fases em que foram
divulgados os servidores e empreiteiros envolvidos, chegou a hora dos
políticos. No último dia 6 de março, o Ministério Público Federal enviou ao
Supremo Tribunal Federal os pedidos de abertura de inquérito contra 47
políticos, sendo 32 do PP, 07 do PMDB, 06 do PT, 01 do PSDB e 01 do PTB. Entre
os investigados estão ex-ministros dos governos Lula e Dilma, os presidentes do
Senado e da Câmara dos Deputados, além de dois veteranos políticos da Zona
Norte do Ceará.
O primeiro é o deputado federal
Aníbal Gomes (PMDB), ex-prefeito de Acaraú. Membro de uma oligarquia que domina
a política do município, é irmão do deputado estadual Manoel Duca, o Duquinha.
Está em seu sexto mandato federal, tendo sido eleito pela primeira vez em 1994,
e também responde a outros processos na Suprema Corte.
O segundo é o ex-deputado federal
José Linhares, mais conhecido como Padre Zé. Tradicional líder político e
religioso de Sobral, teve seis mandatos em Brasília, sendo eleito pela primeira
vez em 1990. Na última eleição, não conseguiu ser eleito suplente de senador.
Atualmente, é presidente do Conselho Estadual de Educação. Pesam contra Aníbal
e Padre Zé as acusações de corrupção passiva, lavagem de dinheiro e formação de
quadrilha.
De acordo com o que já foi
publicado na imprensa, o esquema consistia em um jogo de cartas marcadas
formado por um seleto grupo de empreiteiras, que se revezavam para abocanhar os
contratos da Petrobras. Para manter isso, propinas eram repassadas aos políticos.
Quanto maior fosse a “força” de um político, maior era a sua “cota”. A
investigação ganhou riqueza de detalhes com as chamadas delações premiadas.
Ainda não se pode atribuir culpa
aos acusados, pois resta um longo(e lento) caminho jurídico até um possível
julgamento final. Enquanto isso, não faltarão renomados advogados tentando
anular os trabalhos de investigação. Basta lembrar que processos sobre
maracutaias de grandes empreiteiras viraram pó em um passado recente. Talvez
apostando na impunidade que reina no Brasil, o vice-governador da Bahia, um dos
acusados no Petrolão, disse que está “cagando e andando” por seu nome estar
incluído na lista. Resta saber se no futuro ele e sua turma estarão “cagando e
andando” atrás das grades...
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